sábado, 20 de novembro de 2010

Essencialmente

Guardar o que se gravou
memorizar o que me emocinou
chorar do que não me amou
escrever do que nunca saiu da vaidade
escrever numa noite clássica
viver numa noite moderna
modernizar o arcaico do clássico
quebrar essa inescrepulosa métrica
me deixar me dar de amor
mostrar que amor é o Carpe Diem dos tolos
A mentira do romântico que me iludiu anos
e me tornou crítica biológica e naturalista
realista perfeita
pré subjetiva e pessimista dos fatos
o amor de livretos compõe a alma da donzela praxe das matas de Alencar
o suar que preenche a doçura da audácia capituniana
e a pobre Moreninha amou o rapaz que apostou
pelo amor
Moderna
da donzela da cidade
e viveu para escrever para ele
e para o ser essencial da história
descumprida
da carnificina desse amor mulato, caboclo, irregular
como a métrica anticlássica que Camões jamais batizaria.
Mas, Monteiro num criticaria,
nunca amou assim
ESSENCIALMENTE.

0 comentários:

Postar um comentário