domingo, 30 de setembro de 2012

Sonho de Concreto



Muitos já cantaram para ela, poucos a entendem.

Suas grandezas são inconfundíveis, 
Suas belezas nos prendem. 
Adjetivos são inumeráveis. 

Nela todos os sonhos são possíveis 
(Já disseram) Ela cresce tudo. 
Nela as coisas são incríveis 
Por ela muitos disseram: "eu mudo"


Nova York. Terra onde folhas caem com leveza
Verões são invernos inversos
Frio é sinal de beleza
Primavera é a estação dos diversos

Uma cidade de luz na escuridão.
Sombra na luz
Sonho dentro do coração
Beleza que seduz.

Ela

Ela é feita puramente de dança 
Tem cabelos dançantes 
Tem uma voz leve quando se lança
É uma menina de gestos cantantes 

Ela caminhou debaixo da chuva 
Dançando ela bebeu sua dor 
Ouviu a melodia de uma história sua 

E se viu assim, em sensações e sem cor.

Com tempo, sentiu saudades de si
Se perdeu, perdeu a voz.
Se transformou numa parcela de Ti
E viu isso acontecer de forma veloz.

Amanheceu, estremeceu e enlouqueceu.
Se viu transformar num ser comum
Virou memória do passado e percebeu
Que era uma menina com uma dor incomum. 
- E se eu pudesse controlar o céu por um dia, eu faria vir uma chuva que lavasse os olhos por dentro. Que limpasse as lágrimas por dentro dos olhos -

Na última noite - nos últimos instantes

Numa noite dessas me permiti escrever: prometi só escrever, 
sem pensar. Comecei, e nos primeiros minutos parei. 
Percorri pela minha cabeça todos os caminhos possíveis, 
e, impossíveis, para cumprir o que prometi: só escrever. 
Voltei a escrever, duas palavras saíram: inomináveis. 
Eu sentia raiva. De quê? Raiva de sentir raiva. 
Continuei me esforçando,

 tudo é possível.
Pensei, pensei e pensei até não pensar mais.
Impossível, me perdi na minha própria cabeça.
Não conseguia sair de minha própria cabeça.
Lá fora está frio. O mundo congela e eu perdida em mim.
Como é possível?
Caminhei milhas pulando de neurônio a neurônio.
Cheguei na zona de perigo: a Igreja de lembranças.
Entrei sem bater, com certeza elas lembram de mim.
Lá revi toas as minhas entidades:
Sonhos, decepções, mágoas, alegrias, momentos.
Para cada um pedi alguma coisa.
Acordei. Sonhei comigo mesma, vivendo.
Assustada, tomei último gole de uma delicada taça
Voltei a escrever, naveguei e saltei de minha mente
Escrevi.
Minha promessa em não pensar: não cumpri.
Minha satisfação em lembrar: essa eu vi.
Levantei, a taça caiu no chão: quebrou
Peguei e me cortei: vinho atrai sangue.
Senti a gota de sangue escorrer
Limpei,
Tornei a levantar da mesa
Segui para o quarto
E a taça continuo quebrada.
Como uma promessa quebrada. 
Uma única molécula de instantes 
Contém uma infinidade de momentos
Que, por conseguinte, rende 
Uma eternidade de contentamentos. 
Na verdade, não estamos aqui. Estamos num cosmo. estamos em nossas mentes, nosso pensamento, presos em nossa emoção de vida.

Impulso do desatino

Todo dia acordamos com uma enorme vontade de mudar tudo: 
O mundo, o tempo, a vida e as estações. 
Percebemos que soa em nós um eco mudo 
Como se lá no fundo gritasse em nossos corações. 

É nessa parte que odiamos 
Que percebemos o quanto não somos governadores
E que não conseguimos controlar nem o que conquistamos

E num livre gesto voltamos a ser só observadores. 

Onde está a igualdade no mundo?

De norte a sul, ultrapassei campos, cidades e moinhos 
Pude perceber em diversas culturas, 
Que nunca caminhamos sozinhos 
E que liberdade não tem validade nem usuras 

Quando se está no Ocidente 
Se tem saudades do Oriente 
A crença se torna outra 

E a vida navega solta

Para alguém
E ninguém
Magia, religião, vida, morte e solidão
São assuntos do mistério e sem ocasião
Eu discordo,
Na vida, tudo é matéria, nisso concordo
Mas, caminho e destino
É diferente no Sul
Enquanto no norte
Vive-se em desatino
Porque senão, se perde para a morte. 
Como já dizia a bela canção - " ...eu não sou audiência para a solidão... " 

Eu só acrescento: "nem mesmo para minha"

Beleza em chamas

Um pássaro, ave delicada. 
Quando alça voo fica transparente. 
Que toca o céu com suas asas 
Nos faz crer na liberdade inteiramente.

Capaz de misturar muitas cores 
Um canto doce, leve, meloso 
Asas que levem a muitas flores 

E penetrar na luz do sol caloroso

Quando chega sua hora
A fênix se faz de chamas e luz
Se desfaz e leva por ora
A beleza que nos seduz. 

Bom dia Domingueiro



Mais um domingo. 
Um milagre?
Para bom entendedor é a semana começando
Para bom trabalhador é para ainda ficar descansando. 
Domingo. 
Cheio de suas respostas, seus significados 
Um dia, o sétimo para uns, 
O primeiro para outros, 
Mas, apenas mais um dia na vida de todos

sábado, 29 de setembro de 2012

Verdade Chinesa




Magistralmente dissolvida,
Como água perdida,
Uma ilusão atrevida
Maldita!

Muita coisa a vida desconcerta
Desfaz e conserta
Dá jeito até que acerta

Um suspiro verdadeiro.
Um último gole.
Último pode?

No fundo há uma procura
Por uma valiosa cura
Sem medo e sem usura

Apenas um gole a mais
Uma leve mensagem escrita
Traçada na mesa
Nela escrito, toda essa verdade chinesa.

Momento único de sabor e ilusão própria



Luz que reflete no copo bate e brilha com a bebida. 
Esgotada no seu sabor, mas com tom de licor 
Tendo uma sensação de vencida 
De opaca, sombria, sem cor. 

Em pouco tempo tudo acaba, o copo esvazia 
E volta a ilusão atrevida que gruda na mente 
A emoção de ter uma noite pura e vazia 
Sentido só na vida completamente.

A noite levanta e o copo enche
Recomeça aquele tom licoroso
O sabor vem e preenche
E se vai num gole caloroso

Significado próprio



Já me fizeram de muitas formas. 
Já fui de titânio para alguns 
Já fui de ouro para outros 
Já fui de gelo também. 

Me viram cair quando precisei 
Me viram levantar quando, também, precisei, 
Até me viram chorar, quando não aguentei. 

Participei de batalhas coletivas
Participei de particulares
Enfim, percebi
O que é bom saber e motivas
É ter deixado marca em vários lugares
Pois, de alma a coração
Me preenchi, para sempre, de emoção. 

Notas soltas



Se eu revisse aquele piano que está em minha mente 
É como se eu retomasse o sentido daquela melodia 
O som que juntos emitimos, nitidamente, 
Ressoa em mim como o nascer de um dia. 

Vejo que a melodia está impregnada em mim 
Parece que sou uma nota da canção 
E que para me unir a elas basta dizer "sim" 
E permitir que a música flua dentro do coração

Permitir que a música entre em nós é aceitar
Aquilo que, muitas vezes, não tem como sair
É concordar em ter em si um eco a soar
Que impeça que você venha um dia a partir. 
Senti vontade de gritar 
Acumulei voz, prendi um choro 
Até notar que podia estar 
Presa dentro de um silencioso coro. 
Sonho - matéria prima? 
Preencher um copo de sonho de vinho 
Um vinho escuro, leve, com comoção 

Esquecer o pão que o Diabo amassou, 
Esquecer o caminho que se andou 
Olhando pra vida e no que se formou 

Perceber, já, 
Um cansaço de promessa 
Uma vida igual a essa
Em que lá
o sonho não some,
não se come,
a esperança
Nem a sua própria autoconfiança. 

Gole da percepção



Preenche com um tom vinhento um vazio sangrento 
Numa multidão deselegante parece estar tudo bem. 
Só, com a lua, o sorriso cai no congelamento 
Mal sabe que é vítima de si também. 

Percebida da realidade 

Inutilidade 
Perdida em sermões 
Vislumbra os corações.

Retoma a si mesma até perceber

- com clareza -
que vida é viver
sem ter certeza.


Uma forma obliqua preenche a sombra de uma mente... No fundo uma luz surge, é a chegada de um pensamento, ou uma lembrança? 
Eu não sei.

Para a minha pequena abelhinha Marie Sophie

Nessa vida quando sofremos por eventuais circunstâncias nos tornamos vazios e opacos. 
Demoramos entender que somos feito de coração também. 
-Foi assim quando te conheci, no momento mais difícil da minha vida. Quando eu começava a me congelar para a vida -
Seu sorriso completou muito do que faltava em mim; vi em você a metade que faltava em mim, o suspiro da esperança. Vi em você uma heroína para
 mim.
Como uma flor que nasceu num jardim inóspito, surgiu inocentemente trazendo uma esperança que foi incalculável.

- Transferindo de dentro para fora uma torrente de sorriso. Você não sabia porque estava lá, você nunca soube... Você entendia só que precisava estar. Derramou doces lágrimas quando esteve diante de cenas e momentos dolorosos demais para alguém delicada como você. Mas, viu que a sua volta estávamos sorrindo sempre. E acredito, acredito que no fim, assim como suas abelhinhas que viviam grudadas nas paredes de seu quarto - assim como elas, você ficou sorrindo, você está sorrindo.


Porque no fundo, o que você aprendeu nessa vida foi sorrir e reensinar as pessoas a sorrir.




Parte para às 05:00 da manhã. 
Mais uma manhã se inicia para quem dormiu. Espio pela janela do meu quarto e percebo que o sol delicadamente coloca a lua para descansar - Ele percebe o quão sua beleza está cansada. 
- Às vezes achamos que vimos muito nessa vida, mas temos a capacidade de sempre ver mais - vaguear no pensamento rende frutos. Sol e Lua são os seres que mais viram coisas acontecerem; eles são as próprias coisas em si que vem e vão. Que surgem e somem. É mais uma 
manhã, percebo que com calma as pessoas vão se movimentando em suas casas. Que paulatinamente, o dia vai começando, e os leões se soltando; nosso trabalho? Recolhe-los ou matá-los. O sol... lembra um leão grande, quente, ostentoso, mas que se matarmos morremos. Que paradoxo! Cansaço? Talvez... mas é uma dose de reflexão; é, começam a acordar, as primeiras luzes se acendem, no fundo, o sol surge... a lua já se foi. Sentimento estranho esse de despedida dos astros, eles se cuidam e se ocupam. A sobrevivência de cada um independe um do outro, mas seu surgimento depende necessariamente do desaparecimento do outro: no entanto - um completa o outro. A lua foi e não me despedi dela. Injusto. Ela cuidou de mim a noite toda - ela sempre cuida - percebo que o sol brilha hoje, brilha bastante. Mais uma casa se iluminou. Esse sentimento do nascimento da manhã é incrivelmente único. É como ver a morte e a vida no mesmo plano, se enfrentando em um duelo na terra, no céu e no mar... Sou uma coadjuvante como as estrelas, apreciei o segredo dos opostos. O nascimento que gera a morte, o brilho que ofusca a chama, o grande que cuida do pequeno... Mais gente está acordando, como teria sido o sonho de cada um? Não posso furar os limites, dessa vez não entrarei na cabeça deles. Ficarei com essa imagem - do sol cuidando da lua. Do céu se unindo ao mar, da luz deitando-se sobre a escuridão... 
- Vírus de indecência. Manifestação do acaso que frusta o equilíbrio térmico. Inversão. Invasão. Invertido. Elementos patológicos que dominam um ser como uma alma que domina um novo corpo. Penetram, compartilham do mesmo espaço, realça dores e desprega cansaço e vícios tontos. Essa é a gripe - uma autêntica possessão patológica - 

Exalação



A fórmula que compõe uma pessoa é diversa. 
Algumas são tocantes, outras, intocadas. 
A composição dela é inebriante. 
É como uma rosa que brota do jardim sem pedir permissão 
Surge, brilha, aromatiza, enfeita, cumpre sua missão. 
Revela uma beleza intolerante, coisa de gigante 
Esgotante, massacrante, intensificante, amante 
de todas as formas que compõe seu corpo e sua mente. 
Ultrajante - ela é de amarga doçura. Seu mel é leve, suas palavras aconchegante. Exala o aroma da tolerância, faz-se crer que já viu as faces da intolerância - possível. Compreendeu os deveres do destino.
Acreditou que de menina, até sua fase madura ainda tem o que aprender, inadequadamente, precisa, mas, não percebe o que já sabe. Ela resplandece o ventre de vários jardins com sua beleza de grandeza. Com sua potência e riqueza. Possui o néctar da amizade e esgota das possibilidades das desilusões - cria em volta de seu mundo: perfume, luz e novos, renovados e curados corações.
[Eternidade é uma molécula carregada de instantes 
que uma vez instalada no tempo torna-se memória para viajantes
Flexível, longa, ininterrupta... Inalcançável 
Densa, delicada, refletora e acessível 
- enfim- 
Um conjunto de todas as coisas.]
Lutar, a gente luta... mas fica sem fôlego às vezes...
Na noite passada derramei um gole de vinho como se derrama o sangue numa batalha. Venci a embriaguez só para me permitir pensar um pouco mais. Guardei em segredo a vontade que estava de sussurrar para mim mesma que a noite estava congelantemente fria. 
- Me encosto nessa janela e percebo que lá fora a vida das pessoas acontece independente da minha; vejo que é inumerável os casos aflitivos. Retomo o vinho no chão. Lembra-me sangue desperdiçado. Refaço o trajeto pela sala e revejo o gole, paro, penso. Deixo a taça de lado e percebo 

- uma gota de sangue é como o vinho: rubra, valiosa, intensa e inebriante... cada gota perdida é o fim de uma vida...
Num encontro de oceanos nunca sabemos delimitar as águas. Talvez, o que conseguiríamos fazer é dizer onde começa, nunca quando termina. Nada termina. Vive num ciclo incansável de renovar uma delicadeza. Propagar uma gentileza. Fujo do poema? 
- fatigué - Galicismos, estrangeirismos me cansam... 

Metaforizar uma pessoa é mais fácil que descrevê-la. Pessoas costumam ser grandes, sem dimensões. Pessoas são oceanos sem limites. Pessoas são cansativas, a psicanálise serve para descansá-las, fingir mostrar que o inconsciente as domina... Prefiro entender que são sem limites, como os oceanos, profundas, imensas e sem limites.
- No final do último século começamos chamar invenções de criações. Falamos de unanimidade, e, igualdade. Respiramos fundo e criamos paz amarda. Bebemos de fontes passadas e suspiramos ares infestados de mudanças. Não entendemos metade da melodia que está tocando, mas como ser humano, acreditamos que já sabemos tocá-la... -
- A poesia é como a saudade. Expansiva, penetrante e angustiante. Ela cresce a cada instante, penetra no íntimo e atormenta os sentidos causando emoção -
- Ultimamente comecei a perceber que o que reflete do sol da vida nem sempre é brilhante e ofuscante, mas intenso e particular -
É preciso mais que tempo para entender, 
Às vezes, simplesmente a vida mostra 
- outras não - 
Às vezes ela te testa sem esforço 
- você não percebe - 
Muitas vezes é preciso reconstruir peças soltas
- Sua alma despedaça também - 
Nela estão coisas intocáveis que nem você sabe. 

Essa alma que é feita de cristal, brilhante e delicada. 
Salienta-se com a luz que a alimenta
Se apaga quando se senti usada
E busca resguardos pois não aguenta
Viver uma vida de maltratada tormenta