domingo, 30 de setembro de 2012

Na última noite - nos últimos instantes

Numa noite dessas me permiti escrever: prometi só escrever, 
sem pensar. Comecei, e nos primeiros minutos parei. 
Percorri pela minha cabeça todos os caminhos possíveis, 
e, impossíveis, para cumprir o que prometi: só escrever. 
Voltei a escrever, duas palavras saíram: inomináveis. 
Eu sentia raiva. De quê? Raiva de sentir raiva. 
Continuei me esforçando,

 tudo é possível.
Pensei, pensei e pensei até não pensar mais.
Impossível, me perdi na minha própria cabeça.
Não conseguia sair de minha própria cabeça.
Lá fora está frio. O mundo congela e eu perdida em mim.
Como é possível?
Caminhei milhas pulando de neurônio a neurônio.
Cheguei na zona de perigo: a Igreja de lembranças.
Entrei sem bater, com certeza elas lembram de mim.
Lá revi toas as minhas entidades:
Sonhos, decepções, mágoas, alegrias, momentos.
Para cada um pedi alguma coisa.
Acordei. Sonhei comigo mesma, vivendo.
Assustada, tomei último gole de uma delicada taça
Voltei a escrever, naveguei e saltei de minha mente
Escrevi.
Minha promessa em não pensar: não cumpri.
Minha satisfação em lembrar: essa eu vi.
Levantei, a taça caiu no chão: quebrou
Peguei e me cortei: vinho atrai sangue.
Senti a gota de sangue escorrer
Limpei,
Tornei a levantar da mesa
Segui para o quarto
E a taça continuo quebrada.
Como uma promessa quebrada. 

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