segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Artigo de luxo

A pedido dos meus alunos e de quem leu: resolvi traduzir e publicar do inglês para o português a crônica que surgiu por um breve devaneio do pensamento... 



Raramente, na vida vamos conhecer pessoas tão elegantemente descompensadas. Mas, vamos. Às vezes, elas serão uma mistura de espetáculo e luxo, puramente descompensado. Isso me lembra um cas

o engraçado, a ética me impede de falar, mas o direito me preserva a voz. Escrever é como passar o cartão – libera créditos extras. É como gritar sem voz: o som vem por si só.

Numa Universidade a categoria de trabalhadores é crescente, nunca descresse, menos, se autoriza a tal. Impositiva, ordinal, filosófica, uma cadeia de intelectuais. Títulos, cartas, diplomas revelam o feudalismo científico que existe. Há controvérsias em que o século das luzes: ou Iluminismo, para os puristas históricos, ter sido relevante para a construção do pensamento cientifico. Pergunto-me: é mesmo? Com passos de formiga, passei por Paris, Nova York e Los Angeles e quase me projetei em Harvard e Stanford e sempre pensei: meu cérebro funciona? Como cheguei aqui? Não tinha cartão de créditos-extras, nem influência e vivência. Decidi estudar e alcançar um ponto. Deixo de lado minhas crises e depressões de vida. Falo do meu sistema científico para o estudo. Aprendi línguas. Sou poliglota? Sou linguaruda? Sou linguista? Sei lá... Dediquei-me a 3 campos de mestrado, não tive como continuar em nenhum. Mas, insisti: o mestrado, degrau acima. Aquele degrau em que você quer ser mestre, mas trabalha como co-discípulo. Me uni a brilhantina da decepção. Assim que eu a chamo. Eu não sabia. Mas, certo dia, após enfrentar um absurdo de trabalho: trabalhar no domingo. Quem trabalha domingo? Ok, eu já trabalhei, mas o que importa não é o meu currículo aqui. Será que estou ficando preguiçosa? É manha? Isso é coisa de gato. Não de gente. Ou sim? Já pensou nisso? Retomando a dama da descompensa, certa vez nos enfrentamos, ela tinha perdido um artigo, eu, na altura do domingo, à noite, aguardava a solução, afinal eram 2 semanas de sono, café, mãos cansadas: era um fim para a mente, o bolso e o corpo. O Congresso chegava e me via sem chances de participar. Mas, eu já me vi sem chances tantas vezes, e até da morte eu driblei. Uso termo de futebol. Mas, não tem outro. Não tem mesmo. Assim todos entendem melhor. Se tiver outro termo paciência, mas se tiver então eu não sei, deveria saber. Driblar, driblando, enfim, estou me driblando da crônica. Essa mulher me fez provar do veneno do cansaço, posso aumentar a dose e transformar em remédio. Tem um trocadilho assim, quase assim, é por isso que expressões são expressões. Lembram matemática pura, nunca vem exata na cabeça. O que importa é que para quem sabe falar, fazer e entender a única coisa que não pode aceitar é perder. 

Incêndio

Levantei na última hora 
Para batalhar por um agora 
Uma fórmula que tinja 
Com cores, um céu cinza. 

Olhar para uma vista que te mergulhe 
Que te leve ao ápice e te orgulhe 
Traga a você as forças capazes de modificar 

O estado que no momento você está

Eventualmente, as mãos tremem
O chão balança e os móveis gemem
Um tremor que faz perder
A única manobra para vencer

Você cai, levanta
Você acende um fogo
Deixa-o queimar,
Leva-o até você e o implanta
Põe seu coração no jogo
E queima tudo de ruim que lá está. 

Solitária Surfista

Olhei para o mar 
Vislumbrei um milagre 
De longe, começava a navegar 
Minha mente estava cedendo 

Como se fosse mágica 
O mar respondeu minha solidão 
Me viu trágica 

Tirou um pensamento do coração

Trouxe o vento e juntos me levam
Como sereias que cantam
Parte de algo foi embora para as profundeza
E, nunca mais me separei da natureza. 

Sentimento Natural

Quando doer não pense mais 
Prefira encarar a falta de criatividade 
Do que a saudades que traz 
A seriedade para o meio da felicidade 

Do que fazemos parcela o coração absorve 
A mente transporta e espalha 
O corpo se esvazia para ver se dissolve 

Tudo vira fogo e palha

Preciso dizer que as palavras são como borboletas
Brilham, enfeitam e são inesquecíveis
Trazem consigo um doce perfume de violetas
Que lembram a história de duas pessoas invencíveis. 

Sorriso de Emergência

Infinitamente longe, 
Ainda assim, 
Numa batalha sem fim 
Mergulhe até as profundezas do desespero 
E retire, para seu dia, um sorriso de um vespeiro. 

Reformulado

Uma história tem sempre seu limite
Não importa o que seja, você se permite 
Ir além de suas falhas e dizer que é capaz 
Porque seu brilho é o que emite sua paz 

Não faça regras que só quem obedece é você 
Faça valer um desejo de se vê 
Incrivelmente destacado entre os demais 

E provando o quanto você quer mais.

Nenhuma estrela te escutará se você desejar na escuridão
Acenda suas velas, aceite brilhar para você sem objeção
O único objetivo de todas as coisas aqui
É te reensinar a caminhar de cá até ali

[ Sem deixar de reparar
que a melhor parte de você
É sua força de tudo amar.]

Uma maneira de ser

É complicado como tudo se dá 
Uma ora você acerta, outra é acertada 
Às vezes, é mais difícil enxergar o que há 
E ainda há aqueles, como eu, que tentam 

Fazer de tudo por uma incompreensão 
Alcançam seus maiores medos e os soltam 
Como dragões, lutam na escuridão 

Para atingir uma luz que poucos enxergam

Algumas pessoas não sabem brilhar,
Outras apenas necessitam de uma oportunidade
Aquelas são as que lançam os medos pra te assustar
As outras são as que surgem para te libertar. 
Olhe para as estrelas 
Elas queimam 

O suor que escorre de seu rosto 
Marca a igualdade com fogo 
Prova em vocês o mesmo gosto 
De um leve e quente jogo 

Brilhando intensamente 
Cada ser humano 

Tem dentro da mente
Um elo cigano 
Constelação de aventuras 
Pendura na árvore de uma manhã
Os desejos de toda uma vida de loucuras 
Prende no topo tua estrela-irmã 

Aquela que brilha para ti 
Imagina a grandeza de teu coração 
Comece a vislumbrar um sucesso em si 
E vê o resultado no mundo de muita dedicação. 

Nossa semana

Uma semana: componente de instância 
Praticado com elegância
para suprir com relevância 
Uma ganância 
De se fazer todas as coisas bem.

Agruras

Já se dizia desde antigamente: "não posso ir além da medida de todas as coisas."
Já se enfrentava heróis sem armadura, já se guerrilhava sem candura. Já se fazia uma grande loucura. 
Mas, para acalmar o coração e seguir os limites, dizia-se: faço tudo isso por todas as coisas, por todas as pessoas. Faço porque desejo, faço porque amo, faço porque preciso navegar nessa vida hoje: 
sem armaduras, 
com muita candura, porque tudo é 
uma eterna loucura. 

Solitude temporal

Em 24 horas fica impossível entender, 
ver ou perceber, 
o sentido de todo sentido.

O belo que guardo para mim

De todas as coisas do mundo 
A mais bonita é aquela que guardo 
Que escondo lá no fundo 
E que me mantem de pé quando está ao lado. 

Sem hora

Tempo - composição subjetiva 
Não se vê mas passa 
Produz uma sensação sugestiva 
Que induz com se faça 
De forma obrigativa 
Minha ação objetiva.
Algo está rompido, 
Mas a veia que estoura 
Nunca é a que mais sangra...
Numa conversa entre razão e emoção o assunto é a concentração.
Existe uma parte da gente que se acostumou com verdades montadas. 
Caçando coisas desencontradas 
Mas, o sentido da vida é esse? 
É um costume de se acomodar, 
Fazer de todas as coisas 
Um sopro capaz de levar 
Dando força para a gente lutar.

Medida e dose

Dois dedos de medida de cansaço dessa realidade. 
Meia porção de fadiga para enfrentar o dia de verdade 
Meia xícara de desanimo 
Batendo tudo com uma dose de açúcar do encorajamento
Vamos sempre batalhando!

domingo, 30 de setembro de 2012

Sonho de Concreto



Muitos já cantaram para ela, poucos a entendem.

Suas grandezas são inconfundíveis, 
Suas belezas nos prendem. 
Adjetivos são inumeráveis. 

Nela todos os sonhos são possíveis 
(Já disseram) Ela cresce tudo. 
Nela as coisas são incríveis 
Por ela muitos disseram: "eu mudo"


Nova York. Terra onde folhas caem com leveza
Verões são invernos inversos
Frio é sinal de beleza
Primavera é a estação dos diversos

Uma cidade de luz na escuridão.
Sombra na luz
Sonho dentro do coração
Beleza que seduz.

Ela

Ela é feita puramente de dança 
Tem cabelos dançantes 
Tem uma voz leve quando se lança
É uma menina de gestos cantantes 

Ela caminhou debaixo da chuva 
Dançando ela bebeu sua dor 
Ouviu a melodia de uma história sua 

E se viu assim, em sensações e sem cor.

Com tempo, sentiu saudades de si
Se perdeu, perdeu a voz.
Se transformou numa parcela de Ti
E viu isso acontecer de forma veloz.

Amanheceu, estremeceu e enlouqueceu.
Se viu transformar num ser comum
Virou memória do passado e percebeu
Que era uma menina com uma dor incomum. 
- E se eu pudesse controlar o céu por um dia, eu faria vir uma chuva que lavasse os olhos por dentro. Que limpasse as lágrimas por dentro dos olhos -

Na última noite - nos últimos instantes

Numa noite dessas me permiti escrever: prometi só escrever, 
sem pensar. Comecei, e nos primeiros minutos parei. 
Percorri pela minha cabeça todos os caminhos possíveis, 
e, impossíveis, para cumprir o que prometi: só escrever. 
Voltei a escrever, duas palavras saíram: inomináveis. 
Eu sentia raiva. De quê? Raiva de sentir raiva. 
Continuei me esforçando,

 tudo é possível.
Pensei, pensei e pensei até não pensar mais.
Impossível, me perdi na minha própria cabeça.
Não conseguia sair de minha própria cabeça.
Lá fora está frio. O mundo congela e eu perdida em mim.
Como é possível?
Caminhei milhas pulando de neurônio a neurônio.
Cheguei na zona de perigo: a Igreja de lembranças.
Entrei sem bater, com certeza elas lembram de mim.
Lá revi toas as minhas entidades:
Sonhos, decepções, mágoas, alegrias, momentos.
Para cada um pedi alguma coisa.
Acordei. Sonhei comigo mesma, vivendo.
Assustada, tomei último gole de uma delicada taça
Voltei a escrever, naveguei e saltei de minha mente
Escrevi.
Minha promessa em não pensar: não cumpri.
Minha satisfação em lembrar: essa eu vi.
Levantei, a taça caiu no chão: quebrou
Peguei e me cortei: vinho atrai sangue.
Senti a gota de sangue escorrer
Limpei,
Tornei a levantar da mesa
Segui para o quarto
E a taça continuo quebrada.
Como uma promessa quebrada. 
Uma única molécula de instantes 
Contém uma infinidade de momentos
Que, por conseguinte, rende 
Uma eternidade de contentamentos. 
Na verdade, não estamos aqui. Estamos num cosmo. estamos em nossas mentes, nosso pensamento, presos em nossa emoção de vida.

Impulso do desatino

Todo dia acordamos com uma enorme vontade de mudar tudo: 
O mundo, o tempo, a vida e as estações. 
Percebemos que soa em nós um eco mudo 
Como se lá no fundo gritasse em nossos corações. 

É nessa parte que odiamos 
Que percebemos o quanto não somos governadores
E que não conseguimos controlar nem o que conquistamos

E num livre gesto voltamos a ser só observadores. 

Onde está a igualdade no mundo?

De norte a sul, ultrapassei campos, cidades e moinhos 
Pude perceber em diversas culturas, 
Que nunca caminhamos sozinhos 
E que liberdade não tem validade nem usuras 

Quando se está no Ocidente 
Se tem saudades do Oriente 
A crença se torna outra 

E a vida navega solta

Para alguém
E ninguém
Magia, religião, vida, morte e solidão
São assuntos do mistério e sem ocasião
Eu discordo,
Na vida, tudo é matéria, nisso concordo
Mas, caminho e destino
É diferente no Sul
Enquanto no norte
Vive-se em desatino
Porque senão, se perde para a morte. 
Como já dizia a bela canção - " ...eu não sou audiência para a solidão... " 

Eu só acrescento: "nem mesmo para minha"

Beleza em chamas

Um pássaro, ave delicada. 
Quando alça voo fica transparente. 
Que toca o céu com suas asas 
Nos faz crer na liberdade inteiramente.

Capaz de misturar muitas cores 
Um canto doce, leve, meloso 
Asas que levem a muitas flores 

E penetrar na luz do sol caloroso

Quando chega sua hora
A fênix se faz de chamas e luz
Se desfaz e leva por ora
A beleza que nos seduz. 

Bom dia Domingueiro



Mais um domingo. 
Um milagre?
Para bom entendedor é a semana começando
Para bom trabalhador é para ainda ficar descansando. 
Domingo. 
Cheio de suas respostas, seus significados 
Um dia, o sétimo para uns, 
O primeiro para outros, 
Mas, apenas mais um dia na vida de todos

sábado, 29 de setembro de 2012

Verdade Chinesa




Magistralmente dissolvida,
Como água perdida,
Uma ilusão atrevida
Maldita!

Muita coisa a vida desconcerta
Desfaz e conserta
Dá jeito até que acerta

Um suspiro verdadeiro.
Um último gole.
Último pode?

No fundo há uma procura
Por uma valiosa cura
Sem medo e sem usura

Apenas um gole a mais
Uma leve mensagem escrita
Traçada na mesa
Nela escrito, toda essa verdade chinesa.

Momento único de sabor e ilusão própria



Luz que reflete no copo bate e brilha com a bebida. 
Esgotada no seu sabor, mas com tom de licor 
Tendo uma sensação de vencida 
De opaca, sombria, sem cor. 

Em pouco tempo tudo acaba, o copo esvazia 
E volta a ilusão atrevida que gruda na mente 
A emoção de ter uma noite pura e vazia 
Sentido só na vida completamente.

A noite levanta e o copo enche
Recomeça aquele tom licoroso
O sabor vem e preenche
E se vai num gole caloroso

Significado próprio



Já me fizeram de muitas formas. 
Já fui de titânio para alguns 
Já fui de ouro para outros 
Já fui de gelo também. 

Me viram cair quando precisei 
Me viram levantar quando, também, precisei, 
Até me viram chorar, quando não aguentei. 

Participei de batalhas coletivas
Participei de particulares
Enfim, percebi
O que é bom saber e motivas
É ter deixado marca em vários lugares
Pois, de alma a coração
Me preenchi, para sempre, de emoção. 

Notas soltas



Se eu revisse aquele piano que está em minha mente 
É como se eu retomasse o sentido daquela melodia 
O som que juntos emitimos, nitidamente, 
Ressoa em mim como o nascer de um dia. 

Vejo que a melodia está impregnada em mim 
Parece que sou uma nota da canção 
E que para me unir a elas basta dizer "sim" 
E permitir que a música flua dentro do coração

Permitir que a música entre em nós é aceitar
Aquilo que, muitas vezes, não tem como sair
É concordar em ter em si um eco a soar
Que impeça que você venha um dia a partir. 
Senti vontade de gritar 
Acumulei voz, prendi um choro 
Até notar que podia estar 
Presa dentro de um silencioso coro. 
Sonho - matéria prima? 
Preencher um copo de sonho de vinho 
Um vinho escuro, leve, com comoção 

Esquecer o pão que o Diabo amassou, 
Esquecer o caminho que se andou 
Olhando pra vida e no que se formou 

Perceber, já, 
Um cansaço de promessa 
Uma vida igual a essa
Em que lá
o sonho não some,
não se come,
a esperança
Nem a sua própria autoconfiança. 

Gole da percepção



Preenche com um tom vinhento um vazio sangrento 
Numa multidão deselegante parece estar tudo bem. 
Só, com a lua, o sorriso cai no congelamento 
Mal sabe que é vítima de si também. 

Percebida da realidade 

Inutilidade 
Perdida em sermões 
Vislumbra os corações.

Retoma a si mesma até perceber

- com clareza -
que vida é viver
sem ter certeza.


Uma forma obliqua preenche a sombra de uma mente... No fundo uma luz surge, é a chegada de um pensamento, ou uma lembrança? 
Eu não sei.

Para a minha pequena abelhinha Marie Sophie

Nessa vida quando sofremos por eventuais circunstâncias nos tornamos vazios e opacos. 
Demoramos entender que somos feito de coração também. 
-Foi assim quando te conheci, no momento mais difícil da minha vida. Quando eu começava a me congelar para a vida -
Seu sorriso completou muito do que faltava em mim; vi em você a metade que faltava em mim, o suspiro da esperança. Vi em você uma heroína para
 mim.
Como uma flor que nasceu num jardim inóspito, surgiu inocentemente trazendo uma esperança que foi incalculável.

- Transferindo de dentro para fora uma torrente de sorriso. Você não sabia porque estava lá, você nunca soube... Você entendia só que precisava estar. Derramou doces lágrimas quando esteve diante de cenas e momentos dolorosos demais para alguém delicada como você. Mas, viu que a sua volta estávamos sorrindo sempre. E acredito, acredito que no fim, assim como suas abelhinhas que viviam grudadas nas paredes de seu quarto - assim como elas, você ficou sorrindo, você está sorrindo.


Porque no fundo, o que você aprendeu nessa vida foi sorrir e reensinar as pessoas a sorrir.




Parte para às 05:00 da manhã. 
Mais uma manhã se inicia para quem dormiu. Espio pela janela do meu quarto e percebo que o sol delicadamente coloca a lua para descansar - Ele percebe o quão sua beleza está cansada. 
- Às vezes achamos que vimos muito nessa vida, mas temos a capacidade de sempre ver mais - vaguear no pensamento rende frutos. Sol e Lua são os seres que mais viram coisas acontecerem; eles são as próprias coisas em si que vem e vão. Que surgem e somem. É mais uma 
manhã, percebo que com calma as pessoas vão se movimentando em suas casas. Que paulatinamente, o dia vai começando, e os leões se soltando; nosso trabalho? Recolhe-los ou matá-los. O sol... lembra um leão grande, quente, ostentoso, mas que se matarmos morremos. Que paradoxo! Cansaço? Talvez... mas é uma dose de reflexão; é, começam a acordar, as primeiras luzes se acendem, no fundo, o sol surge... a lua já se foi. Sentimento estranho esse de despedida dos astros, eles se cuidam e se ocupam. A sobrevivência de cada um independe um do outro, mas seu surgimento depende necessariamente do desaparecimento do outro: no entanto - um completa o outro. A lua foi e não me despedi dela. Injusto. Ela cuidou de mim a noite toda - ela sempre cuida - percebo que o sol brilha hoje, brilha bastante. Mais uma casa se iluminou. Esse sentimento do nascimento da manhã é incrivelmente único. É como ver a morte e a vida no mesmo plano, se enfrentando em um duelo na terra, no céu e no mar... Sou uma coadjuvante como as estrelas, apreciei o segredo dos opostos. O nascimento que gera a morte, o brilho que ofusca a chama, o grande que cuida do pequeno... Mais gente está acordando, como teria sido o sonho de cada um? Não posso furar os limites, dessa vez não entrarei na cabeça deles. Ficarei com essa imagem - do sol cuidando da lua. Do céu se unindo ao mar, da luz deitando-se sobre a escuridão... 
- Vírus de indecência. Manifestação do acaso que frusta o equilíbrio térmico. Inversão. Invasão. Invertido. Elementos patológicos que dominam um ser como uma alma que domina um novo corpo. Penetram, compartilham do mesmo espaço, realça dores e desprega cansaço e vícios tontos. Essa é a gripe - uma autêntica possessão patológica - 

Exalação



A fórmula que compõe uma pessoa é diversa. 
Algumas são tocantes, outras, intocadas. 
A composição dela é inebriante. 
É como uma rosa que brota do jardim sem pedir permissão 
Surge, brilha, aromatiza, enfeita, cumpre sua missão. 
Revela uma beleza intolerante, coisa de gigante 
Esgotante, massacrante, intensificante, amante 
de todas as formas que compõe seu corpo e sua mente. 
Ultrajante - ela é de amarga doçura. Seu mel é leve, suas palavras aconchegante. Exala o aroma da tolerância, faz-se crer que já viu as faces da intolerância - possível. Compreendeu os deveres do destino.
Acreditou que de menina, até sua fase madura ainda tem o que aprender, inadequadamente, precisa, mas, não percebe o que já sabe. Ela resplandece o ventre de vários jardins com sua beleza de grandeza. Com sua potência e riqueza. Possui o néctar da amizade e esgota das possibilidades das desilusões - cria em volta de seu mundo: perfume, luz e novos, renovados e curados corações.
[Eternidade é uma molécula carregada de instantes 
que uma vez instalada no tempo torna-se memória para viajantes
Flexível, longa, ininterrupta... Inalcançável 
Densa, delicada, refletora e acessível 
- enfim- 
Um conjunto de todas as coisas.]
Lutar, a gente luta... mas fica sem fôlego às vezes...
Na noite passada derramei um gole de vinho como se derrama o sangue numa batalha. Venci a embriaguez só para me permitir pensar um pouco mais. Guardei em segredo a vontade que estava de sussurrar para mim mesma que a noite estava congelantemente fria. 
- Me encosto nessa janela e percebo que lá fora a vida das pessoas acontece independente da minha; vejo que é inumerável os casos aflitivos. Retomo o vinho no chão. Lembra-me sangue desperdiçado. Refaço o trajeto pela sala e revejo o gole, paro, penso. Deixo a taça de lado e percebo 

- uma gota de sangue é como o vinho: rubra, valiosa, intensa e inebriante... cada gota perdida é o fim de uma vida...
Num encontro de oceanos nunca sabemos delimitar as águas. Talvez, o que conseguiríamos fazer é dizer onde começa, nunca quando termina. Nada termina. Vive num ciclo incansável de renovar uma delicadeza. Propagar uma gentileza. Fujo do poema? 
- fatigué - Galicismos, estrangeirismos me cansam... 

Metaforizar uma pessoa é mais fácil que descrevê-la. Pessoas costumam ser grandes, sem dimensões. Pessoas são oceanos sem limites. Pessoas são cansativas, a psicanálise serve para descansá-las, fingir mostrar que o inconsciente as domina... Prefiro entender que são sem limites, como os oceanos, profundas, imensas e sem limites.
- No final do último século começamos chamar invenções de criações. Falamos de unanimidade, e, igualdade. Respiramos fundo e criamos paz amarda. Bebemos de fontes passadas e suspiramos ares infestados de mudanças. Não entendemos metade da melodia que está tocando, mas como ser humano, acreditamos que já sabemos tocá-la... -
- A poesia é como a saudade. Expansiva, penetrante e angustiante. Ela cresce a cada instante, penetra no íntimo e atormenta os sentidos causando emoção -
- Ultimamente comecei a perceber que o que reflete do sol da vida nem sempre é brilhante e ofuscante, mas intenso e particular -
É preciso mais que tempo para entender, 
Às vezes, simplesmente a vida mostra 
- outras não - 
Às vezes ela te testa sem esforço 
- você não percebe - 
Muitas vezes é preciso reconstruir peças soltas
- Sua alma despedaça também - 
Nela estão coisas intocáveis que nem você sabe. 

Essa alma que é feita de cristal, brilhante e delicada. 
Salienta-se com a luz que a alimenta
Se apaga quando se senti usada
E busca resguardos pois não aguenta
Viver uma vida de maltratada tormenta 

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Qual é sua Heroína, seu Herói ?



Um dos grandes e atuais sentidos do que realmente é ser uma mulher, uma heroína. Transcender expectativas estão pautadas num valor muito superior de tudo que entendemos como valor.

Uma linda canção.

Até onde vai suas expectativas da sua heroína preferida ?

Heroína de Cromo

Duas maneiras de convívio rebatem as expectativas,
Saber o que espera as fases abandonativas,
Lágrimas caem sem funções sugestivas,
A heroína de cromo é apenas uma das divas...

Caminhando como álibi da vida,
Tece vitórias num imensa subida,
Engrandece a si e aos outros,
Carregando olhos loucos,

Sem saber definir,
Capta em si,
De forma branda ao partir...
Lembranças...

O "Bom dia" da poesia



Um ponto no céu pode representar luz,
Acende longe, brilha e reflete,
Sem maior objetivo leva os olhos e conduz,
Até que um ponto surge e tudo se repete.


- Surge o sol...
Bom dia ! 
Algumas vezes você se depara com dificuldade de calibre de vinte mil léguas,
Outras, com questões que exigem muito potencial de tréguas.

Para que nascem as mulheres...

É... algumas mulheres nascem para destruir, outras nascem para construir. Algumas mulheres nascem para serem divas da sorte dos outros, outras nascem para ser dona de sua própria sorte. Algumas mulheres nascem para reproduzir uma legendária estética canônica, outras para refletirem sua própria alma - seja bela ou não. Algumas mulheres nascem com o dom de agregar à vida doce, amor e sabor, outras causam repulsa e amargura. Algumas mulheres nascem para provar de um vinho e saber dividi-lo em 3 partes: paladar, cor e aroma... e ainda definem as micro-partículas do cristal da taça do vinho, outras bebem e perdem estribeiras que nem elas conheciam. Algumas mulheres nascem para um sofisticado vinho, podem ou não, ter a mesma graça pra tomar um copo d'água, uma sopa ou um prato simples, mas feito com amor; outras servem-se de algo inacreditavelmente inútil, podre e inorgânico. Algumas mulheres nascem para vencer na vida, outras para vencer a vida para os outros. Algumas mulheres nascem para ser mães, outras para aprender que vida é milagre e por isso não deve ser maltratada. Algumas mulheres nascem para defender com garras de leoa, outras para atacar com dentes de loba. Algumas mulheres nascem para subir num salto e fazer do chão uma passarela, outras fazem da passarela o coração dos outros. Algumas mulheres nascem para alcançar as estrelas, outras alcançam as estrelas e levam todos que amam com ela. Algumas mulheres nascem para saber que devem crescer, outras crescem sem ao menos saber. Algumas simplesmente não crescem... Mas, acima de tudo, algumas mulheres nascem para ser verdadeiras mulheres, outras não sabem o que é isso... e continua pondo em prática a velha vida do "brincar de bonecas"... Algumas mulheres sabem amar, outras exigem que as amem... mas não retribuem ao mesmo patamar sentimental. Algumas mulheres vão alegrar a vida, outras vão te decepcionar. Algumas mulheres serão exigentes, outras serão usurpadoras. Algumas mulheres nascem e dão amor, outras vão dar paixão e exigir amor. Algumas mulheres são tão fortes e ao mesmo tempo delicadas, outras são pedras rochosas pintadas e escondidas por uma maquiagem. Algumas mulheres nascem e usam a bijuteria e são lindas, outros vão exigir o maior diamante sem ao menos perceber o esforço que se tem para consegui-lo. Algumas mulheres nascem e criam-se, outras querem ser criadas. Algumas mulheres nascem para acordar cedo e dormir tarde, outras acordam tarde e não tem horas para dormir. Algumas mulheres nascem acreditando serem a última estrela-do-mar, outras querem ser uma estrela de alguma ilha particular. Algumas mulheres nascem detestando as outras, outras nascem para unir as irmãs que estão espalhadas. Algumas mulheres nascem para dar desculpas e apontar dedos, outras nascem para, simplesmente, esticar a mão e dizer: "vou cuidar de você!". Algumas mulheres nascem para ser mulheres, outras nascem para ser a sombra, opaca, que pode assombrar a vida de um homem, uma criança, um animal, mas ainda, acima de tudo... Algumas mulheres nascem e acrescentam, e outras, roubam tudo, racham, abandonam... e partem. Algumas mulheres, portanto, nascem para provar ao mundo que ser mulher está além do que qualquer coisa, ser mulher definitivamente é ser a guardiã do equilíbrio entre seres e natureza, céu e terra... vida, valores e morte. 

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Renascimento







Numa tarde oriental o sol encendia 

De maneira viva e clara, brilhante. 
Seus raios são uma melodia 
Sua imagem é ofuscante 


Essa mesma tarde, no Ocidente, 
É repleta pelas flores, pelos lagos, 
É viva como plumas sorridentes, 
Que o vento leva sem estragos. 


Numa vida entre dois sóis 
A vida que vem do Oriente, 
Cresce e traz a luz de faróis, 
Que renasce a vida do Ocidente 


O tempo desencadeia o esquecimento. 
O Destino promove o resultado das escolhas, 
A esperança surge causando o rejuvenescimento,
A brisa da tarde traz alento em suas folhas. 


Cada dia algo renasce, reaparecem.
Traz em si uma chama nova de quimeras 
Sejam de sóis que se engrandecem...
Ou, de renascimento para novas eras. 

Silvos da Vida





Incapaz de traças linhas retas 

A vida não vai dividir seu caminho mais,
E as sombras agirão de formas indiretas 
Te guiando pra um fim fugaz

Talvez cada pedra no chão, servirá
Os obstáculos serão essas pedras
Vão cair como luvas que você usará
Para catar frutos e pétalas,

Ninguém sabe o futuro do Destino
Mas, o que é certo ninguém ousará,
Simplesmente, só o tempo adormecerá. 

sábado, 21 de janeiro de 2012

Pensamento de Luzes




Certo de que tudo aconteceria,
Malograda pelo amor,
Vivida pela alma do que seria,
Destino de vidro dita a dor.

Às vezes o tempo é a solução,
Mas, às vezes ele é só solidão.
O sentido real é irreconhecível
Os olhos se fecham pro visível.

Como uma pérola ofuscada,
Como um estrela manchada,
Como uma alma tocada,
A vida assim fica...violada.

Os olhos, doces, percebem,
A alma vai no fim e padece,
A verdade não se reconhece,
O brilho enfraquece;

É indistinto, é mutável,
É claro, é instável,
É verdade, é insensível,
Mas, ninguém sente o nível

Cada obstáculo rege uma dificuldade
Cada caminho vai pedir autoridade,
A monotonia vai oferecer mutabilidade,
A esperança vai exigir idade...

No fim de tudo, o fim sempre é o tempo.
Condicionado por valores de um vento,
Talvez esse seja o alento,
Para não viver sofrendo.






Reminiscências




Às vezes a gente chega num estágio,
Capaz de produzir em nós felicidade,
Doçura e sem freios e pedágio.
E pura em mentalidade.

Só que existe um desperdício.
Um dia nota-se o valor da caminhada,
Aí, surge um valor novo, o início.
Aquele que é capaz de ditar a virada.

Fadas brindam pela noite negra,
Como mágica tudo é novo.
A essência é calculada,
Como um esperança num ovo.

Cada nascimento de esperança,
Desperta os sentidos e faz entender,
Que hoje só tenho lembranças,
E que nada se volta mais a crer.