Esperar

Ofereço-te um chá ou um café?
Desejo-te um sonho ou uma vontade? 
Imagino-te ou invejo-te ?
Idealizo-te ou efemerotizo?

Deitada numa cama imaginando o que fazer é como sinto que estou, mas não estou.
Estou mais abaixo da Lua e acima da terra. Estou inerte no espaço-tempo.
Relógios, brilhos, nada tem sentido... 
Um barulho qualquer está sendo emitido...
De que vale ouvir sons e não distinguí-los?
Tudo está inerte. O mundo parou.
A minha vida está inerte. O meu amor está em ebulição...
O meu amado está em chamas.
O meu coração está derretendo.
As minhas janelas batem com os ventos. A chuva me condena. A neve me enche de lava fria.
A canção está tocando. O cantor não sabe o que diz. A melodia foi escrita errada.
O sentimento é o mesmo. Mas, ele não soube passar. Preciso ajudar. Preciso agir. Preciso escutar.
A canção me pede ajuda, o cantor implora sossego. A dor implora mais clientes.
O amor...
Mais visitantes e a paz mais produtores.
Essa cama está fria, a neve da cidade está fria, o coração está quente e a fábrica de sonhos também.
A rua grita automóveis, o quarto silêncio, o café está esfriando o chá foi replantado.
E você... você não apareceu.
Eu fiquei com o silêncio do quarto dentro do barulho dos automóveis ouvindo um lunático melódico, tomando o velho café frio, replantando o chá que colhi para você e vendo a cidade se afundar numa lava de neve fria e branca, como as asas do anjo que jurou que você sempre estaria por perto. Ele mentiu. E foi castigado, hoje ele cobre de branco a cidade com as penas de suas asas.
E vive de amor dado e não durado, e somente emprestado.